martes, 15 de junio de 2010

Memória Social I. Seminário Pierre Nora

por Tiago Cesar Silva, Sabrina Dinola e Grasiele B. R. Monteiro


O autor a ser discutido tem sua carreira iniciada na década de 50, quando
ingressou no mundo acadêmico como aluno de filosofia de Lycée Louis-le-Grand,
tendo posteriormente, em 1958, se graduado em licenciatura em História, disciplina
a qual cedeu importantes contribuições teóricas, aliados aos seus conhecimentos
com os questionamentos filosóficos adquiridos. A linha de pensamento de Pierre
Nora se confunde com o surgimento do que chamamos hoje de “Nova História”. Esta
surge na França, tendo seu embrião lançado por Marc Bloch e Lucien Febvre em
1929.

Esta nova forma de proposição da História chama-se Escola dos Annales.
Para esmiuçar ainda mais, podemos dividi-la em 3 fases. A primeira, sendo
extremamente radical, renega toda a História narrativa, a qual os historiadores da
época eram adeptos. Esta fase durou de 1920 a 1945. A segunda fase se preocupa
com os conceitos utilizados, tendo por função ampliar os conhecimentos e difundilos.
Esta fase, que teve como líder Fernand Braudel, além de resignificar os
conceitos de estrutura e conjuntura, visava também a aplicação de uma metodologia
histórica, almejando aumentar sua credibilidade diante das outras ciências.
Finalmente a terceira fase, que não possui um “líder” por assim dizer, inicia-se após
1968. Com o grande boom desta linha de pensamento, ela mais gerava
questionamentos (tanto externos quanto internos) do que criava metodologias. 1
Voltando a Nora, este paralelamente seguia uma carreira editorial. Ingressou
em 1964 na Julliard, onde criou a coleção de livros de bolso "Archives". Em 1965,
juntou-se à Gallimard: a prestigiada editora, já bem instalada no mercado da
1 BURKE, Peter. A Escola dos Annales: A revolução francesa da Historiografia. São Paulo:
UNESP, 1997. p. 12.
2
literatura, desejava desenvolver o seu setor das Ciências Sociais. Foi Nora que
desempenhou esta tarefa pela criação de duas importantes coleções: a
"Bibliothèque des sciences humaines" em 1966 e a "Bibliothèque des histoires" em
1970, além da coleção "Témoins" (1967). 2
A relação de Nora com os Annales não ficou só em sua ideologia, mas este
atuou de forma direta. Fazendo uma breve cronologia do “embrião” da Escola, em
1972, Fernand Braudel (líder da segunda geração) passou à próxima geração de
historiadores a responsabilidade de reescrever as tendências historiográficas
contemporâneas, tendo assumido aqui Jacques Le Goff, tornando-se diretor da
École des hautes études en sciences sociales, que era uma reorganização
institucional da própria Escola. Este cargo foi de Francois Furet entre 1975 e 1977,
tendo sido substituído pelo próprio Nora.
Os questionamentos que Pierre Nora expõe em suas obras são dos mais
variados e complexos. Vão desde a expressão cunhada pela sua escola de
pensamento – “do porão ao sótão”, que reflete sobre a história vista de baixo, ou
seja, a História contada pelos grupos marginais, até suas relações entre ideologias,
reprodução cultural e imaginário social, o que na verdade o aproxima de outro
pensador, Georges Duby. 3
É possível perceber reflexos e influências de diversos outros autores nas
obras de Nora. Dentre estes, podemos destacar Roger Chartier. Este enfatizava que
não era possível estabelecer relações exclusivas entre grupos distintos, voltando-se
assim para a influência cultural entre as práticas culturais partilhadas por vários
grupos, individualmente. Sendo esta linha já tendo sido apontada anteriormente por
Pierre Bordieu e Michel De Certau, podemos reconhecer que estes três pensadores
foram de suma relevância para a concepção da principal obra de Pierre Nora: Les
Lieux de Mémoire.
Tendo sido o organizador desta obra em três volumes que atravessou quase
uma década para ser concluída (1984 a 1993) e elencou diversos pensadores de
escolas diferentes dissertando sobre o mesmo tema, Nora dirige os livros para
temas como a bandeira francesa, a Marselhesa, o Panteão, dentre outros, tendo
como objetivo a preocupação com a apropriação e transformação dos principais
empreendimentos históricos franceses. Discute ainda como a imagem do passado é
2 Internet: Wikipedia. Verbete: Pierre Nora. Acessado em 02/04/2010.
3 ARIES, Philippe; DUBY, Georges. A História da Vida Privada. São Paulo: Cia. Das Letras, 1991.
3
representada nos textos escolares, marcando assim um retorno às idéias de
Halbwachs sobre a estrutura social da memória, tema que já havia inspirado Marc
Bloch, mas que tinham sido relevadas pelos historiadores das gerações seguintes.
Desta forma, ele demonstra que a forma como o presente usa o passado é uma
questão latente, e o faz expondo a abordagem antropológica, visto na amplitude
reflexiva percebida no fato da obra ter sido concebida por historiadores franceses
escrevendo sobre a história da França. 4

Além destes, podemos destacar diversos outros autores que contribuíram
para a discussão de Pierre Nora. Destes, iniciaremos com Michel Foucault. Este nos
diz que mais importante do que responder “o que é poder” é importante refletir sobre
seus mecanismos, seus efeitos, suas relações em diferentes níveis da sociedade. 5
Aproximando com a proposta deste trabalho percebemos que, segundo este autor, a
memória é utilizada como forma de justificar o poder dentro de um meio social, o
que, afinal, é a função do que Nora chama de “lugar de memória”. Afinal, “Memória e
Poder exigem-se”. 6

Passemos agora a Henri-Pierre Jeudy. Este afirma que a idéia de patrimônio
evidencia que, se para o individuo é impossível viver sem memória, para uma
coletividade a convivência constante com seu passado é o necessário ponto de
identificação de suas ações no presente. “A cultura não se encontra mais na cabeça
das pessoas, mas diante delas, composta de um número enorme de signos a serem
descobertos e interpretados, ou ainda, revividos como expressão de uma tradição
incontestável”. Jeudy enfatiza o perigo da perda dos traços culturais ainda atuais,
vivos, que comprovam um passado que não estaria verdadeiramente morto, e
considera que as representações das diferentes culturas se apresentam como
objetos a serem percebidos, lidos e estudados.

Para a imaginação histórica, há a necessidade de dar sentido ao material do
passado, ao material morto ou às ruínas. Tais ruínas estão sempre presentes nas
construções da memória, de tal sorte que não representam a degradação ou perda
de uma possível identificação cultura; ao contrário, fundam o imaginário histórico.
4 BURKE, Peter. A Escola dos Annales: A revolução francesa da Historiografia. São Paulo:
UNESP, 1997. p. 100.
5 FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1981. p.174
6 CHAGAS, Mário. Memória Política e Política da Memória In: ABREU, Regina; CHAGAS, Mario
(org.). Memória e patrimônio. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. p.141.
4

Desse modo, interroga Jeudy: “O que seria da memória sem o esquecimento? O que
seria de um monumento sem ruína? E o que seria de um trabalho de luto sem o
sonho?”.

Jeudy descarta fundamentalmente o sentido fragmentado dos patrimônios
culturais e o papel das instituições de memória na preservação dessas culturas.
Para ele, a memória está sempre em gestação e deve ser conquistada, uma vez que
foi ordenada pela distribuição e pela função dos monumentos históricos. A questão
fundamental é a atribuição dessa memória, em que a designação dos atributos é tão
individual que é pode afirmar que “uma memória não se amolda necessariamente a
uma ordem cronologia. [...] ela pode ser eruptiva, projetiva, confusa, contraditória. As funções culturais das memórias ditas coletivas não correspondem senão a uma maneira possível, dentre outras, de estabelecer uma ordem dinâmica dos traços mnésicos”.

A memória é um fator de ligação psíquica coletiva em uma sucessão que visa
neutralizar os efeitos de um trauma; só quando a memória se tornar objeto de uma
gestão cultural é que pode produzir a aparência de ordem. Instituir, portanto, é
ordenar. Mas a memória possui também algo de acidental, de circunstancial, já que
não é apenas meio de consagrar a continuidade, a duração, ou ainda de criar
vínculos. A objetividade da memória, mesmo que representada pela interseção do
objeto da memória, mesmo que representada pela interseção do objeto com a
imagem e com o relato, não garante e reconstrução das culturas, apenas permite a
geração de uma nova imagem cultural, passível de assimilação ou de esquecimento.
7
Resumidamente, podemos dizer que para Jeudy o patrimônio demonstra à
coletividade seu traço comum. Apesar de este autor tocar na questão da
objetividade da memória que não chega a mencionar, a relação necessária entre
objeto, imagem e relato nos conduz ao discurso de Pierre Nora, em seu discurso
sobre relação triádica. Todavia, ao afirmar que a memória não existe fisicamente,
somente em pensamento, e que esta transmissão ocorre através da oralidade,
automaticamente nos remetemos ao conceito de “meios de memória”.
Retornemos agora a outro autor já apresentado: Jacques Le Goff. A sua
influência não fica somente pelo campo institucional e a ligação comum com a
7 DODEBEI, Vera. Memórias, circunstâncias e movimento. In DODEBEI, Vera; GONDAR, Jô. O que é Memória Social? Rio de Janeiro, Contra Capa Livraria / PPGMS – UNIRIO, 2005. p.48.
5

Escola dos Annales. Em seus escritos, Le Goff não só destaca o interesse da
Memória pela História como estimula o estudo da primeira como forma de servir ao
presente e ao futuro, construindo uma relação simbiótica entre ambas. 8
Agora, vamos partir diretamente para a discussão do autor em si mesmo. O
conceito de lugares de memória busca responder ao problema da perda das
identidades nacionais e comunitárias que garantiam a conservação e a transmissão
de valores, e que denomina meios de memória. Criamos lugares para ancorar a
memória, para compensar a perda dos meios de memória, como um modo de
reparar o dano. Subentende-se aqui o lamento pelo esfacelamento das tradições
assim como crença de que devemos contrabalançar essa perda e algum modo. Dito
de outro modo, o argumento de Nora é compensatório, e se baseia na idéia de que
os modos de vida perdidos são os modos certos de viver, ou, ao menos,
“memoráveis”.

Este leva em conta o tempo em sua análise, porém o concebe como
degradação: os lugares de memória são construídos porque perdemos os meios de
memória, sendo preciso reparar o dano. O discurso de Nora é um discurso de perda;
há nele uma dificuldade de positivar as mudanças do tempo, mudanças nos modos
de sentir, perceber e lembrar que caracterizam as sociedades contemporâneas,
como se nos restasse apenas a compensação nostálgica de uma situação
originária.9

Ao fazer um paralelo entre memória e história, supõe que essa relação
triádica (objeto, imagem e relato) conduz não ao conceito de memória, mas sim ao
conceito de história. Como afirma Nora, fala-se “tanto de memória porque ela não
existe. Há locais de memória por que não há mais meios de memória”. Para Nora, se
ainda habitássemos nossa memória, não teríamos necessidade de lhe consagrar
lugares e, por conseguinte, não haveria lugares porque não haverá memória
transportada pela história, e a memória seria considerada global, atual, permanente
ou realizável e partir da necessidade individual transformá-la em história.
Retornando a Jeudy, que usa a expressão ruínas, Nora reconhece que os lugares
de memória são lugares de “restos”. Em suas palavras: “museus, arquivos,
cemitérios e coleções, festas, aniversários, tratados, processos verbais,
8 LE GOFF, Jacques. Memória. In História e Memória. Campinas: Unicamp, 2003. p.422-476.
9 NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História, n.10.
São Paulo: PUC/SP, 1993.
6

monumentos, santuários, associações são os marcos testemunhas de uma outra
era, das ilusões da eternidade”. No discurso desses dois autores, portanto, pode-se
vislumbrar um indicador de que a memória só existiria efetivamente no imaginário. 10
Por uma questão prática, vamos analisar superficialmente os textos que
serviram como base para este ensaio, em sua ordem de publicação. Comecemos
com a revista Projeto História. Lançada em 1993, o texto tem como base o diálogo
entre memória e história. Inicialmente a história tinha como seu foco de análise o
“todo”, e acabava passando por cima da memória. Todavia, ele tenta justificar isto
pelo grande volume do que deveria ser lembrado, além da rígida metodologia
histórica. Ao longo do texto, ele busca esta redenção da história, alegando que esta
é o ontem, enquanto a memória é o hoje, observando, por exemplo, que as diversas
comemorações que as sociedades possuem é uma prova da ascensão da memória
e que sem ela não saberíamos o que guardar.

O próximo texto está dentro do livro Memória e História. Lançado em 1998,
este artigo busca uma releitura por ele mesmo sobre a obra “As linhas da memória”.
Ele tenta explicitar ao longo do texto a metodologia que utilizada para a confecção
do mesmo, além dos referenciais teóricos que ele lançou mão e os que ele renegou.
O texto seguinte, “Memória: da liberdade à tirania”, é proveniente de um
seminário ocorrido no ano 2000. Neste texto, Nora tem como base a discussão da
memória enquanto formadora de bases e identidades. Ele procura expor que com a
libertação e reconhecimento da memória, a mesma ganha grandes proporções
devido ao alto número de reivindicações de reconhecimento das mesmas.

Finalmente, o texto de Armelle Enders, “As linhas da memória, 10 anos
depois”, vem com uma dura critica a Nora, seus conceitos e metodologias, com base
em afirmações de “vulgarização”, “imprecisão”, dentre outros. Assim, ela rejeita a
simplicidade que Pierre Nora tenta buscar, alegando ainda que o que ele utiliza é
uma releitura de algo que já era praticado.

De todo modo, a contribuição de Nora com seu conceito de “lugar de
memória” é o carro-chefe de sua obra. É um conceito complexo, apesar do que sua
simplicidade aparente sugere. Indo um pouco mais fundo nesta discussão, podemos
dizer que são estes lugares que possuem efeito nos três sentidos da palavra, de
forma simultânea, porém em graus diversos: material, simbólico e funcional. Um
10 DODEBEI, Vera. Memórias, circunstâncias e movimento. In DODEBEI, Vera; GONDAR, Jô. O
que é Memória Social? Rio de Janeiro, Contra Capa Livraria / PPGMS – UNIRIO, 2005. p.49.
7
depósito de arquivos, por exemplo, cuja aparência nos remete a uma categoria
material, pode também ser contemplado com uma aura simbólica se a imaginação
assim nos permitir. Um manual de aula que possui uma característica puramente
funcional se for objeto de um ritual pode também entrar na categoria “lugares de
memória”. Já um momento repleto de uma significação simbólica, como um minuto
de silêncio, se materializa através da unidade temporal e dedica-se a remissão de
uma lembrança.

O lugar de memória é um lugar duplo: fechado sobre o seu nome e
identidade, mas aberto devido à extensão de suas significações. Para ser concebido
é necessária, inicialmente, a existência de uma vontade de memória através do
objeto digno de lembrança, que pode se produzir através de fontes diretas,
produzidas pela sociedade voluntariamente para serem reproduzidas como tal, como
uma lei, uma obra de arte e fontes indiretas, testemunhos deixados em uma
determinada época sem duvidar de sua utilização futura pelos historiadores. Sem
essa intenção de memória os lugares de memória serão lugares de história. 11

CONCLUSÃO: debate produzido durante a apresentação do seminário.
Após a análise teórica sobre o tema memória e história na obra de Pierre
Nora e a apresentação do seminário em sala de aula, concluímos que houve um
consenso em relação à importância do autor e de suas reflexões no âmbito da
memória, história e dos lugares de memória. Acreditamos que a repercussão da
obra de Nora surpreendeu o próprio autor. O sucesso da coleção ultrapassou a
fronteira científica, de forma que os lugares de memória passaram a ser confundidos
com lugares comuns. Fatos como este, motivaram a execução do projeto Les France
que se constituiu numa tentativa de re-apropriação da idéia de lugares de memória.
Foi abordada durante o seminário a questão da dicotomia entorno dos conceitos de
história e memória de Nora, como se a história fosse algo nocivo, uma ameaça à
memória, entendida como “verdade”, ou ainda como “sagrada”.
11 NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. São Paulo, Projeto
História – Revista do Programa de Estudos Pós graduados em História e do departamento de
História. V. 10, 1993.
8
Um outro ponto observado foi que os historiadores ignoraram durante muito
tempo a história. Isso caracteriza o que foi denominado durante a discussão como
uma disputa de poderes. Neste momento, foram citados outros exemplos deste tipo
de disputa no mundo acadêmico. Ainda foi observado, que as idéias de Nora em
relação às questões polêmicas que envolvem os conceitos de história e memória, as
quais eram quase sempre interpretadas como se o autor renegasse a história, foram
de certa forma, equivocadas à medida que o próprio autor se defende como sendo
ele mesmo um historiador não podendo portanto, renegar a história.

No entanto, ressaltamos que há no discurso de Nora uma dificuldade em
positivar as mudanças ocorridas nas sociedades contemporâneas, levando-o a uma
'nostalgia' de uma suposta ‘situação original’. O passado é visto como algo que
estaríamos desligados para sempre e sua apropriação só seria possível de forma
'artificial'. Isso, de certa forma, nos remete a Benjamin. No trabalho de Benjamin,
uma nostalgia também é percebida, porém, diferente de Nora, Benjamin observa o
passado não como algo perdido, mas como algo que nos libertaria da 'urgência' do
mundo moderno, ou seja, como uma forma de escapar da 'presentificação'.
As discussões em sala terminaram com a reflexão de que as pessoas
atualmente se interessam mais pelo passado do que pelo futuro. Enfim, destacamos
ainda a relevância do conceito de lugares de memória de Pierre Nora, considerando
que a sua obra possui uma enorme dimensão material, temporal, social e científica.

GLOSSÁRIO
Lugar de Memória: Local onde a memória de um determinado tempo se
encontra, presa e estagnada em seu próprio tempo. Na prática, Pierre Nora chama
museus, arquivos e comemorações de “lugares de memória”, pois são estes os
locais que são detentores físicos do passado.
Meios de Memória: Seu significado relaciona-se com o dia a dia, com a
transmissão da tradição e da cultura através – e somente – da oralidade. Quando
algo não está mais presente nos meios de memória, no dia-a-dia, ela é levada a um
local quase de adoração nostálgica ao tempo que passou.
9
Relação Triádica: É a relação entre o objeto, imagem e relato. Podem ser
utilizados igualmente em uma conceituação individual. Na visão de Nora, estes três
itens se complementam ao valorizar a memória em si, celebrando, grosso modo, ao
seu próprio esquecimento. Para ele, é uma relação necessária para o desfecho da
memória em seu jazigo, ou seja, no “Lugar de Memória”.
História Totêmica: Sociedade como ela é; cosmos; ancestralidade; grandes
acontecimentos; figuras do passado; sociedade tradicional X História crítica – não
fala de como o mundo “é”, mas de transformações; busca a “verdade absoluta”.
Memória Verdadeira: gesto, hábito X Memória transformada em história -
“DEVER”; preocupação com vestígios, resquícios; preservação integral
(presente/passado).
Fim da história-memória: É a multiplicação das memórias particulares (cada
um buscando sua própria história). A memória vem do exterior e a internalizamos
como obrigação individual, pois essa deixou de ser uma prática social.

REFERÊNCIAS
ARIES, Philippe; DUBY, Georges. A História da Vida Privada. São Paulo: Cia. Das
Letras, 1991.
BURKE, Peter. A Escola dos Annales: A revolução francesa da Historiografia. São
Paulo: UNESP, 1997.
CHAGAS, Mário. Memória Política e Política da Memória. In: ABREU, Regina;
CHAGAS, Mario (org.). Memória e patrimônio. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
DODEBEI, Vera. Memórias, circunstâncias e movimento. In DODEBEI, Vera;
GONDAR, Jô. O que é Memória Social? Rio de Janeiro: Contra Capa, 2005.
Enders, Armelle. Le lieux de mémoire, dez anos depois, Estudos Históricos, v. 6, n.
11, p. 128-137, 1993.
10
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1981.
LE GOFF, Jacques. Memória. In: ______. História e Memória. Campinas: Unicamp,
2003. p.422-476.
NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História,
n.10. São Paulo: PUC/SP, 1993.
______. In: WIKIPEDIA. Disponível em: .
Acesso em: 02 abr. 2010
______. Memória: da liberdade à tirania, In: SEMINÁRIO “Memory and History in
French Historical Research During the 1980’s and 1990’s. África do Sul, 12- 19 de
agosto de 2000.

1 comentario:

  1. Olá...Como vai? Meu nome é eliane e estou fazendo um trabalho sobre "Lugares de Memoria" e precisava muito do texto do Pierre Nora "Entre memória e história: a problemática dos lugares".
    Vcs podem me dizer onde posso achar esse trabalho?
    obrigada

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