lunes, 24 de mayo de 2010

Memória e Espaço. Modernidade Líquida, Zigmunt Bauman

Modernidade Líquida
Zigmunt Bauman
por Eladir Santos

O livro utilizado: tradução da edição inglesa do ano 2000

Autor:
Bauman é sociólogo, polonês, professor emérito da Universidade de Varsóvia e de Leeds, na Inglaterra. Atualmente tem se dedicado ao estudo da modernidade e das condições da vida social e política que essa modernidade criou.

Neste ensaio, Modernidade Líquida, Bauman procura concluir uma análise iniciada em dois trabalhos anteriores:
• Globalização, as conseqüências humanas
• Em Busca da Política

Neste livro Bauman, além de apresentar, em termos gerais como se tem colocado a crítica social diante da atual fase da modernidade que ele chama de fase líquida, ele procura analisar e chamar atenção para a fluidez presente, de cinco conceitos relativos à vida humana. São os conceitos de
• Emancipação
• Individualidade
• Tempo/espaço
• Trabalho
• Comunidade

Bauman inicia o primeiro capítulo que trata da Emancipação trazendo as observações de filósofo e sociólogo alemão Marcuse depois de passadas três décadas de crescimento sem precedentes e segurança econômica que se seguiram a o final da Segunda Guerra. Marcuse constatava que se vivia uma situação nova na história na qual estava presente a necessidade de libertar-se de uma sociedade próspera e que funciona relativamente bem. Por isso a questão da emancipação não atraía a massa da sociedade.

Poucas pessoas desejavam se libertar, menos pessoas ainda estavam dispostas a agir para isso. E também ninguém tinha a certeza de que libertar-se era uma boa coisa.

Bauman questiona a questão da liberdade como um real objetivo dos indivíduos. Verifica que a liberdade pode se apresentar como uma maldição. Uma maldição disfarçada de benção.
Neste ponto ele procura fazer uma distinção entre
• Liberdade objetiva e
• Liberdade subjetiva

E procura observar a necessidade de libertação subjetiva e necessidade de libertação objetiva

Para melhor expor esta distinção, Bauman utiliza-se do conceito de “princípio de realidade” elaborado por Freud. É um conceito relacionado à busca humana do prazer e da felicidade.

Segundo esse conceito, as intenções fossem elas realmente experimentadas ou apenas imaginadas são sempre adaptadas ao tamanho da capacidade de agir com chance de sucesso.

Essa adaptação pode também levar o indivíduo a nunca chegar a verificar os limites de sua capacidade de agir.

Isso pode caracterizar, segundo Bauman, uma espécie de “lavagem cerebral” que afasta a percepção das reais condições objetivas para se agir e para se desejar a liberdade.

Bauman chama também atenção para o fato de que os teóricos da fase sólida da modernidade, como Hobbes, consideravam a liberdade imprópria para o homem comum, pois, esta o deixaria à solta, sem limitações coercitivas que eram consideradas necessárias para a vida em sociedade.

Esse homem, pela análise hobbersiana seria uma “besta” e não um indivíduo livre. A falta de limites necessários e eficazes faria a vida detestável, brutal e curta.

Bauman observa que essa visão hobbesiana está presente também em Durkhein, quando este afirma que as sansões punitivas libertam o homem de uma pseudo-humanidade, para ele a mais terrível das escravidões.

Por essa visão a coerção social torna-se uma força emancipadora e, contraditoriamente, a única esperança de liberdade a qual o ser humano pode aspirar.

Ainda neste capítulo, Bauman observa que o maior herdeiro de Diderot, um teórico do Iluminismo, é o sociólogo Anthony Guiddens, que nós estudamos na aula anterior. Isso porque ele, assim como Diderot que polemizava com Adam Smith, o ideólogo do Liberalismo Econômico, Guiddens aponta o valor do hábito para as práticas sociais quanto para a autocompreensão. Imaginar uma vida de impulsos momentâneos e ações de curto prazo, destituída de rotinas é de fato imaginar uma vida sem sentido.

Bauman verifica que, nesta fase da modernidade ainda não se atingiu o extremo que faria a vida sem sentido, porém, muito dano foi causado com a incerteza; a fluidez dos atos que não chegam a se tornar rotinas; o desmantelamento do mundo cotidiano e o vazio que torna os seres humanos cada vez mais vulneráveis.

Observa também a definição de Toraine, sociólogo francês que tem teorizado sobre a necessidade de ação política nesta fase da sociedade que ele chama de pós-industrial. Touraine afirma que o ser humano é eminentemente um ser social, definido por seu lugar na sociedade. É a sociedade que determina seu comportamento e suas ações.

Por essa definição todas as ações sociais, todas as especificidades culturais e psicológicas podem ser encontradas dentro dos indivíduos e não mais em instituições ou em princípios universais.

Bauman constata que nesta fase da modernidade os valores comunitários estão fora de época e os sonhos comunitários foram desacomodados. A sociedade deixou de se questionar.
Observa que isso não significa que a sociedade tenha suprimido a validade do pensamento crítico, mas significa que há uma sociedade de indivíduos emancipados, livres que, no entanto, não estão engajados em uma “política-vida”.

Somos reflexivos individualmente, neste ponto Baumam junta-se a Guiddens. Somos reflexivos individualmente e estamos sempre prontos a corrigir nossos rumos, mas, abandonamos o espaço da ágora – o espaço da política.

Observa também as inferências de Ulrick Beck que considera o período atual como uma segunda modernidade. Para Bauman, o sociólogo alemão, autor da teoria da sociedade de risco, perde de vista a natureza da mudança presente quando considera esta fase da modernidade como aquela em que a acomodação do pensamento às ideias de modernidade não possibilitam as ações críticas e coletivas

Finalizando suas observações sobre o conceito de emancipação, Bauman recorre à duas metáforas para tentar explicar o ocorrido nesta fase da modernidade.
• A metáfora do acampamento e
• A metáfora da casa compartilhada

No primeiro há a negociação que existe em termos de administração do lugar a ser ocupado. Essa administração nunca é questionada e no acampamento nunca se pretende assumir responsabilidades relativas ao gerenciamento do lugar.

Na casa compartilhada ocorrem relações entre o espaço e o público. Existe a co-responsabilidade pelo gerenciamento

Bauman conclui que na modernidade líquida o padrão seguido é o do acampamento.

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